vídeo de divulgação
Junho de 2008
agradeço a todos os que ajudaram e participaram
Tema | 3ª dimensão do movimento – fase ser ou estar
Tipologia | Instalação, performance
Suporte | vídeo
Objectivos | desmistificar o modo de ser ou estar do projecto
Público-alvo | dos 18 aos 40 anos
3ªDIMENSÃO - fase ToBE é o nome da peça interactiva a ser desenvolvida. O seu objectivo é descobrir o comportamento do objecto virtual numa das plataformas de projecção (projecção de fundo). Este projecto tem um carácter performativo, que colocará em premissa o meu desempenho não só na criação do objecto virtual em si (técnica), como o modo como o exploro (conceptualmente e fisicamente).
Este projecto irá valer pelo conteúdo do processo, e pelas descobertas feitas ao longo do semestre. Ele não terá apenas um conteúdo físico, uma vez que a sua base é o Fuga de um Grito. Importante será salientar, que o Fuga de um Grito é um modo de estar, que procura uma qualquer forma de arte. Ora, é esta forma “abstracta” que necessitará de ser encontrada. É obvio que todo o meu desempenho técnico será fundamental.
Ao longo do processo, que já se iniciou no inicio do semestre, irei falar das dificuldades, das formas que fazem ou não sentido para a concretização de um Grito Virtual. É obvio que será uma descoberta performativa personalizada, mas que terá acima de tudo, perspectivas de interacção com todos os espectadores motivados a experimentar. Ou seja, com eles gostaria de perceber não só se a minha plataforma digital estará a ir num bom caminho, como compreender o que os suscita a movimentarem-se de uma ou de outra maneira.
Esta fase estará apenas destinada, à imagem e à concretização de uma forma geométrica que possibilitará a libertação do gesto.
A ideia inicial do projecto 3ªDIMENSÃO sustenta-se de modo a servir não só um público em geral, mas também bailarinos contemporâneos ou artistas que desenvolvam trabalhos noutras áreas, como é o caso da performance e do happening.
3ª D terá como público alvo, pessoas com idades compreendidas entre os 18 anos e os 40 anos. Uma vez que necessita de pessoas sensíveis, conscientes e de flexibilidade não só mental, mas também física, com interesses nas áreas da performance, dança e artes digitais. Como esta fase ToBE apresenta-se com um carácter experimental, o público-alvo será generalizado. Uma vez que pretendo uma abertura total de modo a desmistificar o modo de ser e de estar do projecto em si.
Associado a este projecto está associado um modo de estar – Life-ZONE e o conceito IT. Life-Zone é da autoria de três jovens relacionados à dança e à arte contemporânea com quem tenho ligações directas (Rogério Nuno Costa, Maria Lemos e Teresa Prima). Este modo de estar permite-nos criar sem sabermos que o estamos a fazer. É quando sem querer construímos significado na nossa obra. Isto pode acontecer a qualquer momento. O conceito IT da autoria de Teresa Prima já é um conceito mais profundo que tem a sua base na obra de Stockhausen, que pretende criar com “pensa nada”, Isto é, criar a partir do não pensamento.
Para conseguir desmistificar o acontecimento do estar e ser, quase como se o espectador/participante estivesse dentro da tela, terei de falar e de desenvolver uma plataforma com um carácter transparente abordado por Jay David Bolter. Uma vez, que a minha intenção é fazer com que um simples gesto se traduza na absorção do corpo na tela. Gostaria muito que eles se embrenhassem na experiência e esquecessem o meio a ser usado.
2004 | Glow de FRIEDER WEISS [1]
Formas de projecção
O projecto Glow é um esclarecedor ensaio coreográfico do Director Artístico Gideon Obarzanek e do criador interactivo Frieder Weiss, que tem como objectivo criar figuras mutantes numa coreografia de brilho .
O sistema usado é vídeo tracking de modo a que o solo orgânico produza diversos mutantes dentro e fora da forma humana.
Este projecto é realizado em tempo real de acordo com o movimento da bailarina. Os gestos alargados do corpo manipulam por sua vez o vídeo projectado. Em Glow, a luz e o movimento gráficos não são pré definidos em vídeo. As imagens são geradas constantemente por vários algoritmos mediante o movimento. Neste projecto a máquina vê o performer e responder às suas acções e a libertá-los de uma relação de restrição e de tédio.
Motivo do Interesse pelo projecto
Este projecto interessou-me particularmente devido às formas criadas com o brilho. A projecção que mais me entusiasmou, é a que evidencio acima, pois o rasto deixado pela forma luminosa dá-se ao mesmo tempo que o movimento da bailarina. Dá a sensação que, mesmo quando a bailarina está parada, o rasto deixado pelo brilho procura o corpo.
A ideia de rasto e de movimento coordenado com o movimento interessam-me particularmente, principalmente quando é feito de um modo orgânico e harmonioso.
2005 | Swap
de RUDOLFO QUINTAS, TIAGO DIONÍSIO
e JOÃO COSTA[1]
Maior inspiração
[2]
Com base na intersecção do pensamento em Dança com as Artes Digitais Interactivas é conceptualizada e concebida uma performance de Realidade Aumentada. Através de uma visualização (expandida) dos fluxos de energia que rodeiam e interagem com o corpo, desenvolveu-se uma noção híbrida (cruzamento de indivíduos de espécies distintas) entre espaço exterior e interior ao corpo, assim como o prolongamento radical do gesto.
Aqui, são criadas imagens em tempo-real que reflectem a relação entre o corpo do performer e as milhares de partículas que compõem a imagem projectada.
O espaço visual é híbrido e probabilístico, resultando em animações que alternam entre o imaginário abstracto/figurativo, orgânico/geométrico.
Swap é um desempenho audiovisual, interactivo que aumenta o movimento, para além do que possa ser visto.
Usando o formato de realidade aumentada, intimamente relacionado com a visão por computador, afecta a expressão do corpo, da coreografia, qualidade do gesto e do movimento. O grande objectivo era promover uma linguagem comum à dança e às artes visuais num só momento. A silhueta é capturada em tempo real e o bailarino interage com as partículas existentes no espaço virtual.
“O comportamento e a composição da partícula são modelados em tempo real pela natureza generativa do sistema e pelo movimento do intérprete...”[3]
É projectada uma imagem que resulta de uma composição de gráficos. Estes, são representativos do movimento de um corpo, que não é o do intérprete. Aqui, existe um corpo fundido que resulta da expressão digital dos artistas, do bailarino e do comportamento do próprio sistema.
Swap é um projecto que realça a ideia de um corpo que pode dar forma ao conteúdo. O corpo passa a ser o interface e a memória um novo contexto para com os próprios artistas e o público em geral.
Este projecto evidencia o corpo macro e o corpo em aparente repouso, bem como uma estrutura de composição coreográfica linear, registando um corpo vazio, preenchido, parado, um corpo enquanto fronteira e o vazio. O movimento é prolongado no tempo, mesmo quando o corpo está parado.
Este projecto é dos artistas digitais Rudolfo Quintas, Tiago Dionísio e do coreógrafo João Costa. Ora, coordenar todas estas disciplinas tornou-se complexo, por isso Tiago Dionísio realça a ideia de que cada disciplina tem o seu timing: “Dança é dança e vídeo arte é vídeo arte”. O artista ainda afirma: “Este projecto teve uma desconstrução contextual e referencial até chegar a uma plataforma comum.” É uma peça que necessitou de um conhecimento transdisciplinar de modo a consciencializar um movimento coeso, entre o bailarino e os artistas digitais.
Motivo do Interesse pelo projecto
Este trabalho é provavelmente a melhor representação do que procuro na minha peça interactiva, pois ele incorpora o movimento de um corpo que se liberta, mesmo quando o corpo é
2004 | Displacemente de RUDOLFO QUINTAS e TIAGO DIONÍSIO [1]
Carácter transparente
Este projecto interessa-me particularmente pelo seu carácter transparente. Segundo o autor Tiago Dionísio, as pessoas deixaram-se levar abstraindo-se do espaço físico. Elas passaram habitar o espaço virtual com o entusiasmo do seu registo.
Displacement é uma instalação que usa o corpo como um Hiper instrumento, com o objectivo de aumentar a realidade musical e a composição visual.
Surgiu do cruzamento de ideias e conceitos à volta de diversos instrumentos musicais, métodos de composição e também prolongamento e interpretação da relação entre os participantes.
Como instrumento e do ponto de vista musical é bastante limitado, mas é muito inovador na forma como o corpo interage com a produção de música. Neste projecto, o corpo é o interface por si só e contém nele 3 fundamentos - frequência, amplitude e velocidade.
O corpo define o som.
Este projecto permitia ao público passar por várias fases: experimental (registo do corpo - silhueta), pessoal e emocional. Ora, é esta entrega que me interessa particularmente. Toda a experiência e vivência estava a ser projectada na obra. A intervenção reflecte o real, o local e a experiência da pessoa.
Motivo do Interesse pelo projecto
O motivo porque escolhi este projecto, é porque o seu carácter transparente funciona tão bem, que as pessoas deixam de habitar o espaço físico e passam a projectarem-se no espaço virtual.
Mais á frente irei salientar o carácter transparente abordado por Jay David Bolter.