terça-feira, 13 de maio de 2008

ENSAIO - globalização, os média perdidos no mundo

Universidade Católica Portuguesa
Centro Regional do Porto
Escola das Artes
Mestrado em Artes Digitais



Ensaio
Globalização, os média perdidos no mundo



Disciplina: Seminário Interdisciplinar
Comunicação, Novos Media e Mass Média
Docente: Yolanda Espinã
Discente: Joana Campos Silva



Porto
2008




Após compreender a origem da globalização, fico a pensar que a sua origem não é disparatada, muito pelo contrário.
A economia está a dominar o mundo e como o mundo somos nós, nós estamo-nos a dominar a nós mesmos.
A ideia de globalização oferece-nos “possibilidades tecnológicas” e são estas que nos afectam na maior parte das vezes. A ideia de tecnologia, sempre nos remeteu para o futuro e a ideia de futuro é sempre positiva, pois muitos associam futuro a algo evolutivo e promissor.
Não quero desiludir ninguém, mas o nosso mundo conforme se apresenta não está a evoluir positivamente mas sim negativamente. O mundo está em constante mudança e nós tentamos adaptarmo-nos, mas é difícil gerir a rapidez. Este lado negro que apresento, deve-se à globalização, pois ela fez com que se tornasse irreversível esta decisão. Já provocou muitos males que dificilmente poderão ser libertados da sociedade actual. Não existe apenas uma globalização, mas sim várias, pois ela afecta diversas áreas. É vista como um processo, devido ao seu carácter de mutação.
Como todos nós sabemos, a globalização trouxe desigualdade social e económica e por isso um dos casos que mais me afecta actualmente é a discrepância social. Devido à valorização do euro o custo de vida subiu, embora os ordenados tenham ficado estagnados. Este fenómeno faz com que muitas famílias fiquem desorientadas economicamente e recorram aos chamados "créditos fáceis". Estes aparecem de um modo chamativo e muito positivo, porém, para pagar as despesas contraímos um crédito, que quando não chega, obriga-nos a pedir outros créditos e assim se forma uma bola de neve. Estes são fáceis, rápidos e tudo isto à velocidade de um telefonema; que quando não é feito por nós, a chamada vem ter connosco. Ora, aqui surge outro problema, pois a competição das grandes empresas torna-se cada vez mais feroz. Quase todos os dias o telefone toca e se eu aceitasse tudo o que me impingem, o ordenado dos próximos 10 anos serviriam para pagar dívidas.
A globalização aproxima-nos ou afasta-nos?
O telefone hoje em dia quando toca, incomoda-me. Já não o atendo com o mesmo entusiasmo que o fazia à uns anos. Acontece que a ideia de privado saiu de desuso. Os média invadem-nos a casa de um modo perverso e se o fizessem de um modo positivo eu não me importaria, mas todos os dias, para além dos telefonemas, tenho de me sujeitar a longas horas de suposta informação importante no telejornal, no qual me apresenta mais de meia hora de futebol. Os jogadores e treinadores, todos os dias dizem a mesma coisa, o discurso não muda! Para além do mesmo género passar por todos os canais nacionais, ainda temos de suportar longos minutos de temas vazios. Falam sobre famosos que são famosos por serem famosos - Bastante despojado, não? Ora, todas estas situações e muitas mais, fazem-me pensar que vivemos numa sociedade vazia e numa globalização que deixou de saber o que é importante.
Acontece também que a explosão da informação afectou bastante o nosso modo de selecção, pois a informação é tanta que quem acaba por ter de seleccionar, não são os jornalistas, mas sim o espectador.
A globalização transformou-nos em seres individualistas, mas até que ponto é que isso é bom? Que me importa ter o Messenger instalado no computador se ele me afasta das pessoas? Será que queremos distância ou proximidade?
Cada vez mais procuramos um meio de comunicação, pois somos seres naturalmente sociais, mas esses meios não nos aproximam, muito pelo contrário, afastam-nos do mundo.
Antigamente o nosso leque de amizades era extenso, pois quando conhecíamos alguém, passávamos a conhecer o pai, a mãe, a irmã, o irmão, a tia, o tio... a proximidade que tínhamos com as pessoas era diferente. Ao ligar para casa dessa pessoa, obrigava-nos a conhecer e a falar com a família. Hoje em dia isso já não acontece. Com o aparecimento do telemóvel, nós comunicamos com essa pessoa e é só com ela que estabelecemos diálogo.
O aparecimento da maior parte dos instrumentos tecnológicos, a meu ver, em vez de nos aproximar, afasta-nos do mundo real. Cada vez mais, estamos entranhados num mundo virtual. A existência do Second Life não aconteceu por acaso, pois existe a necessidade de nos representarmos virtualmente, pois fisicamente, cada vez mais se torna impossível.
A globalização está a transformar-nos num ser que se alimenta de si mesmo e que espelha a realidade que quer de si. Até aí, estamos a ser quem queremos ser e não quem somos na realidade. A globalização, transforma as relações sociais, e elas moldam à sociedade e ao mundo. Vivemos uma sociedade fantasiada por ela mesmo. Acredito que estamos em constante “aparente” socialização. Na verdade, julgo que estamos a viver a Era da experiência, mais do que a Era da comunicação. Comunicar embora seja uma necessidade, está actualmente a ser um pretexto, para usarmos as novas tecnologias. A televisão, as revistas e todos os meios de comunicação, são o espelho da sociedade actual.
A televisão é um meio, ainda muito respeitado pelas pessoas, embora na maior parte das vezes não merecesse. Pois ela é manipuladora e centra-se numa visão capitalista e não socialista e democratica. A programação televisiva espelha a sociedade actual e é devastador ver o oco televisivo.
Numa era tão complicada, em que há guerra por quase todo o mundo, as pessoas deveriam importar-se com o bem e em fazer o bem, mas o que vemos é o oposto. Há programas que se focam na vida das pessoas ditas “famosas”, mas que são banais, que em nada poderão contribuir para um mundo melhor. A rapidez dos mass media, faz com que as coisas mais insignificantes para o mundo actual, sejam notícias mundiais – com frases apelativas do género: “Paris Hilton deserdada!”. - Quem é Paris Hilton? Que faz ela de tão importante, para preencher 15 minutos de ecrã a nível mundial? Acredito que a globalização, mesmo com a comunicação à distância, encurtando tempo e caminho, faz nos perder tempo com inutilidades. Espelhando também que a rapidez dos avanços tecnológicos, tem provado que o seu uso é mal feito, pois estamos em constante adaptação. Necessitamos de compreender qual as coisas do mundo, importantes de serem focadas, pois a globalização faz com que os média se percam no mundo actual – eles deixaram de perceber o que é realmente importante!

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