quinta-feira, 29 de maio de 2008

3ª DIMENSÃO - embodyment

3ª DIMENSÃO - fase ToBE

Como o próprio nome indica, com esta fase da 3ª dimensão pretendo perceber o próprio projecto em si. Depois de absorver muita informação nova e de ser obrigada a reflectir sobre o meu projecto, apercebi-me que o próprio nome 3ª dimensão, estava a condicionar a minha imaginação. A 3ª dimensão estava associada À 3ª dimensão do movimento (ideia original) e agora 3ª dimensão enveredou para a 3ª dimensão da incorporação de um corpo num espaço virtual. é uma 3ª dimensão simbólica, rica em imaterialidade e rica em virtualidade. O corpo tornar-se-á embodyment e por isso, centro o meu discurso aí.



terça-feira, 13 de maio de 2008

esquema de funcionamento da 3ª DIMENSÃO


3ª DIMENSÃO




ENSAIO - globalização, medium e transparência - a existência Humana posta em Causa

Universidade Católica Portuguesa
Centro Regional do Porto
Escola das Artes
Mestrado em Artes Digitais





Ensaio
Globalização, Medium e Transparência
- a existência Humana posta em causa



Disciplina: Seminário Interdisciplinar
Comunicação, Novos Media e Mass Média
Docente: Hélder Dias
Discente: Joana Campos Silva



Porto
2008



Não consigo separar globalização dos Novos Media e do paradigma da mediação transparente. Tudo se completa, tudo se transforma, tudo indica um novo rumo. No ensaio anterior afirmei que os medias estavam perdidos no mundo, por isso a tendência para a remediação. Por outro lado, o paradigma da transparência faz-me pensar que o Homem está a perder-se enquanto indivíduo, pois tudo indica que daqui a uns anos, o homem não saberá se é Homem ou máquina. Julgo ser importante pensar na integridade do Homem e rever a problemática da globalização.
No estudo sobre a mediação, veio-me ao pensamento a existência do Second Life. Para que existe, se é a representação daquilo que já somos e daquilo que temos?, Será o fascínio pela ficção?, Para quê viver num mundo ficcionado se temos o real, de um modo palpável? Existirá a necessidade de ficcionar o real, de um modo idílico? Para quê fingir aquilo que não sou, através de um avatar? Será que me estou a transformar naquilo que julgo ainda não ser, ou será que já sou?
Ao longo dos últimos anos, vários estudos e algumas obras de artistas (ex: coelho fluorescente) têm provado que o corpo é o interface mais promissor dos próximos tempos. O real e o corpo passarão a ser um corpo virtual-real. Deixaremos de ter ratos, webcams, teclados, desktop, pois a superfície do corpo humano será a tela de projecção. O homem tornar-se-á num homem máquina? O corpo deixará de ser carne e osso, e passará a ser um código binário complexo?
Preocupa-me pensar que talvez daqui a uns anos, muitos deixarão de perceber o que são e quem são; e ainda, mais preocupada fico, pensar que o homem interessa-se em transformar-se a si próprio, colocando em causa a própria existência humana. Será uma questão de querer provar a si mesmo que consegue ir mais além? É uma questão de fascínio? Eu questiono: “Onde estão os limites do corpo e da própria existência Humana?“
Estamos numa época de constantes mutações, o computador (inteligência artificial) exterioriza muitas capacidades Humanas, por isso: Como é que conseguimos perceber quem somos?.
Os media são aparentemente transparentes, logo têm uma componente de ficção, o que faz com que nos afastemos, cada vez mais do real. Não se trata de uma máquina de escrever, estudada por Kittler que é pouco ou nada mediada, trata-se de um media que pretende simular a totalidade da linguagem humana. Por outro lado, as artes digitais como têm processos mais complexos, faz com que a transparência ainda seja mais mediada, embora a representação do real pareça ser fidedigna (TV, cinema...).
O professor Hélder Dias realça a ideia de Norbert Wiener que fala de um “Homem que pré-existe”, surgindo a dúvida, se é possível o homem ser colocado ao mesmo nível da máquina.
Outro elemento fundamental, tentando aprofundar até onde vai o limite do homem, é a ideia de linguagem. A linguagem enquanto escrita e por sua vez enquanto registo e história. De modo a permitir ao homem situar-se no seu tempo e conhecer-se a si próprio.
A linguagem volta-nos a levar para o paradigma da mediação. A mediação por sua vez leva-nos para a o corpo, o corpo para a linguagem e a linguagem para o real.
A linguagem computorizada, como funciona binariamente através de 0 e 1, permite modificar uma imagem a partir do som ou vice-versa. Por isso, a partir do momento em que apareceu esta nova linguagem, fala-se de médium, em vez de novos média. Isto porque os média (imagem, som, texto) resultam da mesma linguagem (0 e 1). Ora, isto faz com que seja necessário uma adaptação constante a todas estas novas linguagens (remediação) .
Segundo Larriza Thurler , devido ao “rápido surgimento de uma grande quantidade de inovações tecnológicas num curto espaço de tempo”, os media tradicionais tiveram de se adaptar às novas linguagens existentes. “Assim, a remediação auxilia na familiarização de uma nova mídia recorrendo às linguagens já conhecidas…” Thurler fala da reorganização das estruturas.
Uma imagem pode ser convertida em 0 e 1, bem como um texto num filme. O mundo está a tornar-se numa grelha binária, refeita matematicamente. Por isso, inicialmente falava do homem-máquina, o chamado “pós-humano” evidenciado por Kittler. Segundo o professor Hélder Dias, “Se a tecnologia toma lugar do pensamento na constituição real e corpo/humano, é porque existem dispositivos para a reconstrução… Entrada do Humano para a produtividade, variabilidade…” Os medias confundem-se entre si. Parece que a mediação são remediações. Os meios confundem-se em si mesmos, por isso se tornam num só. Por outro lado, existe um paradoxo, que é o facto dos medias determinarem a nossa situação e nós criarmos a situação dos media. Ou seja, existe uma ligação infinita entre estes dois pólos, porque se auto-alimentam, mas também se auto-destroem. Deixamos de perceber quem é quem. Julgo ser possível afirmar que media e homem é o mesmo, pois o homem faz os media, e os media fazem o homem. Muitos falam dos media como paisagem natural. Paisagem essa, da qual o homem é a personagem principal.
Julgo ser importante salientar, ainda com base na ideia inicial – Second Life, a perspéctiva de Jean Baudrillard que acredita que tudo o que existe no mundo é simulado. “...simular não é fingir”, pois “a simulação põe em causa a diferença do “verdadeiro” e “falso”, do “real” e do “Imaginário”.” Ora, simular para Baudrillard é assumir todas as características do objecto a ser simulado.
Ora o Second Life faz simulação do real. Pois o homem em primeira instância usa os media tecnológicos para se simular a si próprio, provavelmente para um melhor conhecimento de si mesmo, aprofundando os conhecimentos tecnológicos.
Vejo, aqui a simulação como um realce e recalcamento da ideia de existência. O homem continua a tentar superar-se a si mesmo, testando os seus limites ao máximo. Por outro lado, vejo um mundo medonho. Temendo que o homem construa a destruição do seu próprio ser. Julgo ser importante conhecermo-nos mais aprofundadamente, mas questiono até que ponto esse profundidade é necessária. Julgo estarmo-nos aproximar de uma catástrofe, uma vez que prevejo que o homem vai deixar de se conhecer, pois inevitavelmente os números habitam em nós, e muitos ainda não se aperceberam disso. Acho fascinante, mas também medonho a ideia de passarmos para o lado de lá. Gostaria que as gerações seguintes sejam orgânicas e não mecânicas! É necessário repensar os limites do homem e a existência Humana, julgando ser importante termos consciência destas problemáticas, tendo em conta a distinção do mundo real e virtual.

ENSAIO - globalização, os média perdidos no mundo

Universidade Católica Portuguesa
Centro Regional do Porto
Escola das Artes
Mestrado em Artes Digitais



Ensaio
Globalização, os média perdidos no mundo



Disciplina: Seminário Interdisciplinar
Comunicação, Novos Media e Mass Média
Docente: Yolanda Espinã
Discente: Joana Campos Silva



Porto
2008




Após compreender a origem da globalização, fico a pensar que a sua origem não é disparatada, muito pelo contrário.
A economia está a dominar o mundo e como o mundo somos nós, nós estamo-nos a dominar a nós mesmos.
A ideia de globalização oferece-nos “possibilidades tecnológicas” e são estas que nos afectam na maior parte das vezes. A ideia de tecnologia, sempre nos remeteu para o futuro e a ideia de futuro é sempre positiva, pois muitos associam futuro a algo evolutivo e promissor.
Não quero desiludir ninguém, mas o nosso mundo conforme se apresenta não está a evoluir positivamente mas sim negativamente. O mundo está em constante mudança e nós tentamos adaptarmo-nos, mas é difícil gerir a rapidez. Este lado negro que apresento, deve-se à globalização, pois ela fez com que se tornasse irreversível esta decisão. Já provocou muitos males que dificilmente poderão ser libertados da sociedade actual. Não existe apenas uma globalização, mas sim várias, pois ela afecta diversas áreas. É vista como um processo, devido ao seu carácter de mutação.
Como todos nós sabemos, a globalização trouxe desigualdade social e económica e por isso um dos casos que mais me afecta actualmente é a discrepância social. Devido à valorização do euro o custo de vida subiu, embora os ordenados tenham ficado estagnados. Este fenómeno faz com que muitas famílias fiquem desorientadas economicamente e recorram aos chamados "créditos fáceis". Estes aparecem de um modo chamativo e muito positivo, porém, para pagar as despesas contraímos um crédito, que quando não chega, obriga-nos a pedir outros créditos e assim se forma uma bola de neve. Estes são fáceis, rápidos e tudo isto à velocidade de um telefonema; que quando não é feito por nós, a chamada vem ter connosco. Ora, aqui surge outro problema, pois a competição das grandes empresas torna-se cada vez mais feroz. Quase todos os dias o telefone toca e se eu aceitasse tudo o que me impingem, o ordenado dos próximos 10 anos serviriam para pagar dívidas.
A globalização aproxima-nos ou afasta-nos?
O telefone hoje em dia quando toca, incomoda-me. Já não o atendo com o mesmo entusiasmo que o fazia à uns anos. Acontece que a ideia de privado saiu de desuso. Os média invadem-nos a casa de um modo perverso e se o fizessem de um modo positivo eu não me importaria, mas todos os dias, para além dos telefonemas, tenho de me sujeitar a longas horas de suposta informação importante no telejornal, no qual me apresenta mais de meia hora de futebol. Os jogadores e treinadores, todos os dias dizem a mesma coisa, o discurso não muda! Para além do mesmo género passar por todos os canais nacionais, ainda temos de suportar longos minutos de temas vazios. Falam sobre famosos que são famosos por serem famosos - Bastante despojado, não? Ora, todas estas situações e muitas mais, fazem-me pensar que vivemos numa sociedade vazia e numa globalização que deixou de saber o que é importante.
Acontece também que a explosão da informação afectou bastante o nosso modo de selecção, pois a informação é tanta que quem acaba por ter de seleccionar, não são os jornalistas, mas sim o espectador.
A globalização transformou-nos em seres individualistas, mas até que ponto é que isso é bom? Que me importa ter o Messenger instalado no computador se ele me afasta das pessoas? Será que queremos distância ou proximidade?
Cada vez mais procuramos um meio de comunicação, pois somos seres naturalmente sociais, mas esses meios não nos aproximam, muito pelo contrário, afastam-nos do mundo.
Antigamente o nosso leque de amizades era extenso, pois quando conhecíamos alguém, passávamos a conhecer o pai, a mãe, a irmã, o irmão, a tia, o tio... a proximidade que tínhamos com as pessoas era diferente. Ao ligar para casa dessa pessoa, obrigava-nos a conhecer e a falar com a família. Hoje em dia isso já não acontece. Com o aparecimento do telemóvel, nós comunicamos com essa pessoa e é só com ela que estabelecemos diálogo.
O aparecimento da maior parte dos instrumentos tecnológicos, a meu ver, em vez de nos aproximar, afasta-nos do mundo real. Cada vez mais, estamos entranhados num mundo virtual. A existência do Second Life não aconteceu por acaso, pois existe a necessidade de nos representarmos virtualmente, pois fisicamente, cada vez mais se torna impossível.
A globalização está a transformar-nos num ser que se alimenta de si mesmo e que espelha a realidade que quer de si. Até aí, estamos a ser quem queremos ser e não quem somos na realidade. A globalização, transforma as relações sociais, e elas moldam à sociedade e ao mundo. Vivemos uma sociedade fantasiada por ela mesmo. Acredito que estamos em constante “aparente” socialização. Na verdade, julgo que estamos a viver a Era da experiência, mais do que a Era da comunicação. Comunicar embora seja uma necessidade, está actualmente a ser um pretexto, para usarmos as novas tecnologias. A televisão, as revistas e todos os meios de comunicação, são o espelho da sociedade actual.
A televisão é um meio, ainda muito respeitado pelas pessoas, embora na maior parte das vezes não merecesse. Pois ela é manipuladora e centra-se numa visão capitalista e não socialista e democratica. A programação televisiva espelha a sociedade actual e é devastador ver o oco televisivo.
Numa era tão complicada, em que há guerra por quase todo o mundo, as pessoas deveriam importar-se com o bem e em fazer o bem, mas o que vemos é o oposto. Há programas que se focam na vida das pessoas ditas “famosas”, mas que são banais, que em nada poderão contribuir para um mundo melhor. A rapidez dos mass media, faz com que as coisas mais insignificantes para o mundo actual, sejam notícias mundiais – com frases apelativas do género: “Paris Hilton deserdada!”. - Quem é Paris Hilton? Que faz ela de tão importante, para preencher 15 minutos de ecrã a nível mundial? Acredito que a globalização, mesmo com a comunicação à distância, encurtando tempo e caminho, faz nos perder tempo com inutilidades. Espelhando também que a rapidez dos avanços tecnológicos, tem provado que o seu uso é mal feito, pois estamos em constante adaptação. Necessitamos de compreender qual as coisas do mundo, importantes de serem focadas, pois a globalização faz com que os média se percam no mundo actual – eles deixaram de perceber o que é realmente importante!

corpo biónico nas artes performativas


Os pensamentos cruzaram-se e hoje o Fuga de um Grito dá um grande passo, para a alteração da 3ªDIMENSÃO. Sei que a 3ª dimensão, não está totalmente explorada. Mas toda a informação que tem chegado até mim, faz-me ver, que o meu projecto final de ano, poderá ter um rumo diferente.


O meu projecto é processo e o processo é projecto, por isso, faz todo o sentido que ele se auto-distrua e se auto-construa ao longo do tempo.


Tenho vindo a pensar e a falar da transparência, do computador, da realidade virtual e agora, mais recentemente do corpo biónico, e é aqui, que o meu projecto se altera!

Brevemente irei fazer posts dos ensaios que tenho vindo a escrever, de modo a ilucidar o leitor deste blog, mas também evidenciar a minha opinião.

A pergunta que coloco hoje é:
O que será a dança contemporânea e as artes performativas quando o corpo for completamente BIÓNICO?

é o 2º ponto de partida para a
a minha peça final.
Ela terá de reflectir esta questão!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

protótipo 6

PROTÓTIPO - 2ª FASE

protótipo 6


OBJECTIVOS

Adaptar o código anterior à silhueta obtida a partir da webcam.



Aqui foi substituído o quadrado pela silhueta captada em tempo real.
Ao passar a mão à frente da câmara, é-me produzido no ecrã o rasto da silhueta e também das figuras geométricas incorporadas nela.


Próximo objectivo:
Fazer com que exista rasto só das figuras geométricas;
Pretendo ter só uma silhueta em evidência (1ª silhueta), as silhuetas dos frames anteriores terão de ser eliminadas do olhar.

sábado, 10 de maio de 2008

próximo protótipo

Próximo objectivo para o protótipo

(Segunda fase)
- Adaptar o código anterior ao código de extracção de silhuetas
em tempo real, a partir da webcam.

Substituir o quadrado de fundo (que simula a silhueta), por uma silhueta real.

EXEMPLO
(imagens extraidas do site de vídeo arte)

"silhueta vazia"


"silhueta preenchida"

ver vídeo




Protótipo 2

PROTÓTIPO - 1ª FASE
protótipo 2


OBJECTIVOS

- Experimentar algumas soluções para o movimento das formas gráficas que
irão preencher a silhueta: Formas desenhadas aleatoriamente em cada frame;
- Formas criadas inicialmente e que se movimentam dentro do rectângulo;

- Experimentar soluções para a "libertação" das formas no seguimento do movimento
efectuado.





As figuras geométricas movimentam-se apenas e só dentro do quadrado verde,
mesmo quando este é movimentado no espaço, através do cursor.





As figuras geométricas andam no espaço e deixam rasto
(simulação da libertação)



As figuras geométricas, aqui encontram-se aleatórias, mas em cada frames



Protótipo 1

PROTÓTIPO - 1ª FASE

protótipo1

OBJECTIVOS

- Utilizar um rectângulo para simular a silhueta final.
- A posição do rectângulo deve ser simulada com a posição do rato no ecrã.






ARTIGO - Transparência: simulacro, mediações e remediações

Joana Isabel Campos Silva
Design Interactivo – Artigo de Investigação




Transparência: simulacros, mediações e remediações




2º semestre de 2007 / 2008
21 de Abril de 2008





Transparência: simulacros, mediações e remediações
Joana Isabel Campos Silva
Universidade Católica Portuguesa, Vila Nova de Gaia, 4430-071 - Portugal


Abstracto — Este artigo pretende salientar a importância da transparência enquanto meio modificador da percepção do Ser Humano, na sua ligação com os novos media ou medium. A transparência mediada tem um carácter cultural e histórico, tendo tido a sua origem com a perspectiva linear. Este artigo fundamenta-se no segundo capítulo do livro Windows and Mirrors - O Mito da Transparência - de Jay David Bolter e Diana Gromala. [1]. Para uma melhor abordagem da existência da transparência, no modo como o homem percepciona o mundo, irei fazer referência, ao livro Remediation de Jay David Bolter e Richard Grusin [2], ao artigo de Larriza Thurler – TV na Internet, Reflexões sobre a Remediação e Interactividade [3], ao livro Simulacros e Simulação do filosófico Jean Baudrillard. [4] e ao artigo de Daniel Melada Vieira Barros – Ambientes mediatizados para a formação continuada dos profissionais da informação. [5]
Index Terms — Transparência; Ilusão, Simulação, simulacro, mediação, media e medium; interfaces gráficos e remediação.



I. INTRODUÇÃO
Segundo Bolter e Gromala [1], o mito da transparência surgiu com a pintura renascentista, através da perspectiva linear. Os pintores conseguiam criar ilusão ao olhar, simulando nas suas pinturas um ambiente realista. Com o passar dos anos, a fotografia surgiu com a capacidade de reproduzir a realidade de um modo fidedigno, congelando a acção. Colocou a pintura em risco, e muitos questionaram se um fotógrafo seria um artista ou um simples técnico. Por sua vez a fotografia trouxe-nos o cinema, de uma fotografia estática passamos a ter uma fotografia dinâmica – movimento e mais tarde a televisão com a capacidade de se reproduzir em tempo real.
O grau de transparência foi diminuindo ao longo dos tempos. Primeiro tivemos ilusões pictóricas que simulavam muitíssimo bem o real, tivemos registos que fixavam o real e tivemos também, longos registos do real em movimento. Actualmente, podemos reunir todos estes meios numa só máquina – o computador.
O meio da mediação foi encurtando “aparentemente”, já que o homem consegue aproximar-se da realidade de um modo fidedigno, embora essa visão seja fictícia. O seu conhecimento do mundo está a ser constantemente mediado pelos médium. Pois o enquadramento (moldura) e a perspectiva de quem possibilita o real “controla” essa mesma visão.
É, pois, também visível que registar o comportamento sensitivo do ser humano sempre foi um dos nossos maiores objectivos e por isso o grau de transparência aumenta quanto mais próximos estamos do real. Se continuarmos a diminuir o percurso relacionável existente entre o real e a réplica (registo) este paradigma acabará por se tornar num só padrão. Realidade e virtualidade deixarão de ser dois paradigmas individuais e farão do Homem, uma máquina humana ou vice-versa. Por isso questiono-me: fará sentido existir essa união?; Se realidade e virtualidade serão a mesma coisa, o que será do mundo para além do real? Será ele mesmo? Fará sentido esta transparência chegar ao seu ponto máximo, deixando de perceber onde se encontra a sua fronteira?


II. ILUSÃO DA TRANSPARÊNCIA, SIMULAÇAO DO REAL

O mundo dos media, encurtaram caminho. Um acontecimento passado em Nova Iorque estará a ter repercussões no meu pais, na minha cidade, na minha rua. E são estes acontecimentos que fazem de um homem comum, um ser de notícia mundial.
A queda das Torres Gémeas fizeram o mundo parar. Tivemos projecção directa da sua queda, e diversos jornalistas e vídeo-amadores discursaram visualmente e verbalmente o que viram e sentiram. E é aqui que o carácter da transparência aparece. A nossa visão estava a ser mediada pela visão de outro, e nós não nos apercebemos do meio.

Aquele acontecimento fez de nós, seres que usufruíram de uma experiência espectacularmente diferente.




Figura 1 [6]

O homem não se apercebe que está a ser mediado por algo ou alguém. E até, julgamos ser capazes de contar com algum detalhe a experiência sentida. Tivemos a sensação que presenciamos na realidade a tragédia, mas na verdade assistimos a tudo na chamada “caixinha mágica” – a televisão.
Vejo esta transparência com alguma preocupação, uma vez que a nossa percepção está a ser manipulada de tal modo, que nós nem nos apercebemos do meio - carácter transparente. Aqui, o que conta é a experiência do espectador e do utilizador. Por isso, é fácil compreender a quantidade de cibernautas que frequentam a web. Eles procuram novas experiências constantemente.
Segundo os autores do capítulo “O Mito da Transparência”, as artes digitais tentam provocar e desmistificar a invisibilidade, uma vez que os chips e a tecnologia invadem a nossa vida diária de um modo assustador.
A transparência, muitas vezes, também pode ser percepcionada quando as coisas são óbvias e directas. Neste caso, falarei da existência do computador e da criação do GUI – graphic user interface.
A existência de icons, metáforas visuais e de ambientes que simulam o real, realçam o carácter facilitista na sua utilização prática. Os designers gráficos fazem um esforço para proporcionarem um acontecimento simplificado, claro e de percepção fácil, quando o utilizador manipula a máquina (hardware, software).
Os designers de interfaces, procuraram estratégicas tão eficazes como os tipográficos fizeram na sua época. Eles procuram um design ágil, prático e útil, de modo a que a forma e a função sejam um bloco coeso e de fácil acesso.
O GUI, possibilitou a criação de um interface e este trouxe-nos diversas dimensões tecnológicas. O aparecimento do Desktop, as janelas sobrepostas, utilização do rato, teclado e milhares de icons.
Os interfaces gráficos, facilitaram a usabilidade do computador, uma vez que o desktop, é a réplica da nossa secretária, enquanto ferramenta e modo de arrumação. As janelas sobrepostas possibilitaram compreender onde estamos e para onde podemos ir, bem como possibilitar diversos modos de organização e manipulação do espaço virtual.





Figura 2 [7 ]

Já os icons e os interfaces naturais possibilitaram um manuseamento mais fidedigno através da acção - reacção, muito semelhantes à realidade. Se eu movimentar o rato para a direita, irei ver o meu cursor a movimentar-se no ecrã no mesmo sentido, mas na realidade isso não acontece. Existe uma ilusão óptica. Segundo Jean Baudrillard [4] tudo o que existe no mundo é simulado. “...simular não é fingir”, pois “a simulação põe em causa a diferença do “verdadeiro” e “falso”, do “real” e do “Imaginário”.” [4].
Para uma melhor compreensão, faço aqui referência ao icon do lixo. Ele para além de se apresentar muito semelhante ao real, o seu comportamento adquire as mesmas funções (simulacro). O acto de deitar as coisas no lixo é idêntica à que conhecemos na realidade e o esvaziar também, uma vez que o lixo fica vazio. Ora, este icon, incorpora não só a forma, como também o conteúdo. Ou seja, é feita uma simulação que adquire os “sintomas” desse mesmo acto na realidade. Mesmo que saibamos que o lixo nunca existiu e que também nunca o apagamos, o homem necessita de viver com a ideia de uma verdade alterada, uma verdade fictícia – reportando sempre para o que conhece na realidade.





Segundo Hélder Dias, a simulação não está centrada na imagem enquanto meio de representação, mas sim no visual.
Baudrillard [4] fala de uma verdade não real, mas sim de uma hiper-realidade que está intimamente relacionada com o imaginário.
Cristina Sá salienta o sentido único das metáforas. Estas, facilitam e ajudam ao seu uso, pois para além de representarem visualmente um objecto físico real, transportam consigo um comportamento ou um ambiente. Elas apresentam um sentido único, que quando são percepcionadas, valem, não só pela sua característica física, mas também mental, espacial, afectiva e comportamental, quase como se de uma história se tratasse.

III. MEDIAÇÃO E A MOLDURA QUE LIMITA

Com a evolução das tecnologias, os computadores tornaram-se num multi-meios, pois conseguem suportar outros meios através da numeração binária. (TV, escrita, cinema, música, fotografia...).
Por isso, Bolter [1] apresenta duas perspectivas distintas que acontecem nas artes digitais: a chamada “janela” e a “moldura”. O aparecimento do GUI, da World Wide Web e do hipertexto, fizeram do computador uma janela transparente. Pois, para além de conseguirmos observar, tal como fazemos com a TV e o cinema, podemos manipular, alterar e navegar. É possível controlar o espaço, o aspecto visual e a informação, tudo isto em tempo real.
Por outro lado, Bolter falha num aspecto. A janela deveria ser atravessada na integridade dos sentidos, isto é: não apenas através da visão ou do tacto. As artes digitais deveriam proporcionar a interacção do corpo na sua integridade.
Por outro lado, acabamos sempre por ter um enquadramento, que nos limita a percepção, a chamada moldura.
Há ainda outro aspecto, que tem haver com o nosso foco de atenção. Se eu procurasse uma camisola vermelha numa loja de roupa, todas as outras cores seriam excluídas do meu olhar. O meu foco de atenção centra-se no vermelho e em todas as gamas dessa mesma cor. Ora, a meu ver, por muito que a janela nos limite e enquadre uma perspectiva, se nos centrar-mos no conteúdo, abstraímo-nos da sua moldura. O mesmo acontece com os livros. As pessoas centram-se nas palavras e no seu significado, absorvendo o sentido do conteúdo e ignorando por completo o tipo de letra. Acima de tudo o leitor procura a experiência, ignorando a forma das palavras. Por outro lado, a forma tem de servir a função, por isso forma sem conteúdo não faz sentido. Embora na leitura, seja visível o entusiasmo pelo conteúdo, a forma também condiciona a leitura, mas de um modo discreto. [1] Por outro lado, o mesmo texto pode ser entendido de modos diferentes mediante a perspectiva de cada leitor. O leitor é um processo aberto de caminho, tal como um user. Este, a partir do hipertexto, tem a possibilidade de construir a sua experiência pessoal. Mediante o seu percurso, a leitura será diferente e o seu entendimento do mundo também.
“...Enquanto sujeito do conhecimento, o homem não tem acesso directo aos objectos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados por sistemas simbólicos de que dispõe.” [5]. Quantos mais meios existirem entre o real e a reprodução do real, mais mediação existe. Mais longe nos encontramos da realidade.
À primeira vista, a mediação entre o homem e a leitura parece ser curta e por isso mais fidedigna, mas não! A leitura exige, linguagem cultural e reconhecimento das palavras. Estas, por sua vez, têm um significado e só depois temos um sentido. Relativamente à mediação e à linguagem o professor Hélder Dias salienta a obra do filósofo Kittler. Este, fez um estudo do gramofone, do cinema e da máquina de escrever. Esta última é pouco ou nada mediada. O acto de escrever proporciona um desmitificar do real, no primeiro acto. Basta bater uma tecla que ela é logo projectada no real. A única mediação é a tinta, logo é mais transparente.



IV. REMEDIÇÃO

A linguagem computorizada, como funciona binariamente através de 0 e 1, permite modificar uma imagem a partir do som ou vice-versa. Por isso, a partir do momento em que apareceu esta nova linguagem, fala-se de médium, em vez de novos média. Isto porque os média (imagem, som, texto) resultam na mesma linguagem (0 e 1). Ora, isto faz com que seja necessário uma adaptação constante a todas estas novas linguagens (remediação) [2].
Segundo Larriza Thurler, [3] devido ao “rápido surgimento de uma grande quantidade de inovações tecnológicas num curto espaço de tempo”, os media tradicionais tiveram de se adaptar às novas linguagens existentes. “Assim, a remediação auxilia na familiarização de uma nova mídia recorrendo às linguagens já conhecidas…”[3] Thurler fala da reorganização das estruturas.
Uma imagem pode ser convertida em 0 e 1, bem como um texto, um filme. O mundo está a tornar-se numa grelha binária, refeita matematicamente. Por isso, inicialmente falava do homem-máquina, o chamado “pós-humano” evidenciado por Kittler. Segundo o professor Hélder Dias, “Se a tecnologia toma lugar do pensamento na constituição real e corpo/humano, é porque existem dispositivos para a reconstução… Entrada do Humano para a produtividade, variabilidade…” Os medias confundem-se entre si. Parece que a mediação são remediações. A TV para além das notícias, apresentam-nos notas de roda pé, a web possibilita-nos não só navegar numa páginas como nos invade com PopUps. Os meios confundem-se em si mesmos, por isso se tornam um só.


V. CONCLUSÃO

Com este artigo saliento as mudanças “transparentes” que manipulam o nosso conhecimento do mundo.
A transparência está intimamente relacionada com a autenticidade da representação real. A Aproximação das experiências sensoriais aparentemente não mediadas, apresentam uma transparência real. O homem deixa-se envolver e não compreende que tudo não passa de uma manipulação.
A naturalização dos objectos fizeram com que os actos conscientes passassem a ser de interacção naturalista. Os processos de mediação são distintos e fazem do homem aproximar-se ou afastar-se da realidade mediante a mediação existente.
A evolução dos media é avassaladora, e provoca distúrbios mundiais. A linguagem é alterada diariamente, e acredito que um dia passemos a falar através de linguagem binária (0 e 1) sem nos apercebermos que a máquina já está em nós.






REFERÊNCIAS

[1] BOLTER, Jay David e GROMALA, Diana, Windows and Mirrors, Interaction Design, Digital Art, and the Myth of Transparency. Universidade de Lisboa

[2] BOLTER, Jay Davis & GRUSIN, Richard. Remediation –
Understanding New Media. Cambridge: The MIT Press,
2003

[3] THURLER, Larriza – Artigo - TV na Internet, reflexões sobre a remediação e a interactividade.
http://64.233.183.104/search?q=cache:kSs3YiangcoJ:reposcom.portcom.intercom.org.br

[4] BAUDRILLARD, Jean, Simulacros e Simulação, Relógio
D’Água.

[5] BARROS, Daniel Melada Vieira – Artigo – Ambientes Mediatizados para a formação continuada dos profissionais da informação.
http://www.febab.org.br/rbbd/ojs2.1.1/index.php/rbbd/article/view/70/59

[6] http:www.mirrors.org/historical/2001-09-11-Word-Trace_Center/wtc_005.jpg

[7]http://img444.imageshack.us/img444/705/parallelsmactq1.jpg

[8] http://www.casadoplastico.com/catimg/0014.jpg

[9] http://macmagazine.com.br/blog/wp-content/uploads/2007/12/07-trash.pn




transparência

A 3ª DIMENSÃO
encontra-se a meio de um longo percurso.
Não tenho tido vontade de escrever, mas a cabeça não pára.
Mesmo sem vontade ou força, há algo exterior a mim, algo qu
e não controlo. "As coisas vêm têr comigo" já dizia o Rogério e é bem verdade.
Digamos que as aulas de Design de Interactividade e os Seminários me têm ajudado imenso.



O paradigma da Tranparência


Trouxe para este trabalho o paradigma da transparência e as artes digitais vivem dela.
Não consigo pensar em Artes Digitais sem o carácter da transparência presente. A transparência co-habita entre a realidade física e virtual, isto é: o utilizador a partir do mundo físico discretamente tem entrado no mundo virtual sem se aperceber. Deixamos de perceber que é real e virtual.



É aqui, que a minha peça têm relevância. É isto que pretendo. Pretendo iludir não só o olhar, mas todos os sentido do utilizador. Quero que ele passe para o lado de lá (realidade virtual).
Ao longo do semestre vou deixando algumas anotações de Design de Interactividade e de Seminário, de modo a expressar melhor as minhas ideias.



Continuarei à espera que as ideias venham ter comigo...
Acima de tudo, a Performance continua...