quinta-feira, 24 de abril de 2008

carácter transparente


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by Nuha Khoury



FORA NO DENTRO, é o carácter transparente que eu tantas vezes evidêncio.

um projecto que vive de carácter

O comportamento do corpo num espaço virtual
(carácter transparente)

Termos associados

embodyment

(corpo físico que se deixa envolver num espaço virtual)

body displacement
(deslocamento do corpo - corpo e mente envolvidos no espaço virtual)



O PROJECTO procura encontrar-se a si mesmo (carácter processoal).


Processo com objectivos

OBJECTIVO = forma virtual



Embora o projecto tenha um carácter processoal, experimental e imprevisível, é importante salientar, que existe um objectivo.

Nem que seja o próprio processo de descoberta que irá evidenciar uma forma virtual.
O objectivo é o processo na busca de uma forma.

BREVE DESCRIÇÃO - 3ª DIMENSÃO - fase ToBE

Tema | 3ª dimensão do movimento – fase ser ou estar

Tipologia | Instalação, performance

Suporte | vídeo

Objectivos | desmistificar o modo de ser ou estar do projecto

Público-alvo | dos 18 aos 40 anos

DIMENSÃO - fase ToBE é o nome da peça interactiva a ser desenvolvida. O seu objectivo é descobrir o comportamento do objecto virtual numa das plataformas de projecção (projecção de fundo). Este projecto tem um carácter performativo, que colocará em premissa o meu desempenho não só na criação do objecto virtual em si (técnica), como o modo como o exploro (conceptualmente e fisicamente).

Este projecto irá valer pelo conteúdo do processo, e pelas descobertas feitas ao longo do semestre. Ele não terá apenas um conteúdo físico, uma vez que a sua base é o Fuga de um Grito. Importante será salientar, que o Fuga de um Grito é um modo de estar, que procura uma qualquer forma de arte. Ora, é esta forma “abstracta” que necessitará de ser encontrada. É obvio que todo o meu desempenho técnico será fundamental.

Ao longo do processo, que já se iniciou no inicio do semestre, irei falar das dificuldades, das formas que fazem ou não sentido para a concretização de um Grito Virtual. É obvio que será uma descoberta performativa personalizada, mas que terá acima de tudo, perspectivas de interacção com todos os espectadores motivados a experimentar. Ou seja, com eles gostaria de perceber não só se a minha plataforma digital estará a ir num bom caminho, como compreender o que os suscita a movimentarem-se de uma ou de outra maneira.

Esta fase estará apenas destinada, à imagem e à concretização de uma forma geométrica que possibilitará a libertação do gesto.

A ideia inicial do projecto 3ªDIMENSÃO sustenta-se de modo a servir não só um público em geral, mas também bailarinos contemporâneos ou artistas que desenvolvam trabalhos noutras áreas, como é o caso da performance e do happening.

3ª D terá como público alvo, pessoas com idades compreendidas entre os 18 anos e os 40 anos. Uma vez que necessita de pessoas sensíveis, conscientes e de flexibilidade não só mental, mas também física, com interesses nas áreas da performance, dança e artes digitais. Como esta fase ToBE apresenta-se com um carácter experimental, o público-alvo será generalizado. Uma vez que pretendo uma abertura total de modo a desmistificar o modo de ser e de estar do projecto em si.

Associado a este projecto está associado um modo de estar – Life-ZONE e o conceito IT. Life-Zone é da autoria de três jovens relacionados à dança e à arte contemporânea com quem tenho ligações directas (Rogério Nuno Costa, Maria Lemos e Teresa Prima). Este modo de estar permite-nos criar sem sabermos que o estamos a fazer. É quando sem querer construímos significado na nossa obra. Isto pode acontecer a qualquer momento. O conceito IT da autoria de Teresa Prima já é um conceito mais profundo que tem a sua base na obra de Stockhausen, que pretende criar com “pensa nada”, Isto é, criar a partir do não pensamento.

Para conseguir desmistificar o acontecimento do estar e ser, quase como se o espectador/participante estivesse dentro da tela, terei de falar e de desenvolver uma plataforma com um carácter transparente abordado por Jay David Bolter. Uma vez, que a minha intenção é fazer com que um simples gesto se traduza na absorção do corpo na tela. Gostaria muito que eles se embrenhassem na experiência e esquecessem o meio a ser usado.

GLOW - obras inspiradores

2004 | Glow de FRIEDER WEISS [1]

Formas de projecção

[2]

O projecto Glow é um esclarecedor ensaio coreográfico do Director Artístico Gideon Obarzanek e do criador interactivo Frieder Weiss, que tem como objectivo criar figuras mutantes numa coreografia de brilho .

O sistema usado é vídeo tracking de modo a que o solo orgânico produza diversos mutantes dentro e fora da forma humana.

Este projecto é realizado em tempo real de acordo com o movimento da bailarina. Os gestos alargados do corpo manipulam por sua vez o vídeo projectado. Em Glow, a luz e o movimento gráficos não são pré definidos em vídeo. As imagens são geradas constantemente por vários algoritmos mediante o movimento. Neste projecto a máquina vê o performer e responder às suas acções e a libertá-los de uma relação de restrição e de tédio.

Motivo do Interesse pelo projecto

Este projecto interessou-me particularmente devido às formas criadas com o brilho. A projecção que mais me entusiasmou, é a que evidencio acima, pois o rasto deixado pela forma luminosa dá-se ao mesmo tempo que o movimento da bailarina. Dá a sensação que, mesmo quando a bailarina está parada, o rasto deixado pelo brilho procura o corpo.

A ideia de rasto e de movimento coordenado com o movimento interessam-me particularmente, principalmente quando é feito de um modo orgânico e harmonioso.


[1] http://www.chunkymove.com/glow/

[2] http://www.chunkymove.com/glow/

SWAP - obras inspiradoras

2005 | Swap

de RUDOLFO QUINTAS, TIAGO DIONÍSIO

e JOÃO COSTA[1]

Maior inspiração





[2]Swap é um projecto construído em C++ e visão por computador.

Com base na intersecção do pensamento em Dança com as Artes Digitais Interactivas é conceptualizada e concebida uma performance de Realidade Aumentada. Através de uma visualização (expandida) dos fluxos de energia que rodeiam e interagem com o corpo, desenvolveu-se uma noção híbrida (cruzamento de indivíduos de espécies distintas) entre espaço exterior e interior ao corpo, assim como o prolongamento radical do gesto.

Aqui, são criadas imagens em tempo-real que reflectem a relação entre o corpo do performer e as milhares de partículas que compõem a imagem projectada.

O espaço visual é híbrido e probabilístico, resultando em animações que alternam entre o imaginário abstracto/figurativo, orgânico/geométrico.

Swap é um desempenho audiovisual, interactivo que aumenta o movimento, para além do que possa ser visto.

Usando o formato de realidade aumentada, intimamente relacionado com a visão por computador, afecta a expressão do corpo, da coreografia, qualidade do gesto e do movimento. O grande objectivo era promover uma linguagem comum à dança e às artes visuais num só momento. A silhueta é capturada em tempo real e o bailarino interage com as partículas existentes no espaço virtual.

O comportamento e a composição da partícula são modelados em tempo real pela natureza generativa do sistema e pelo movimento do intérprete...”[3]

É projectada uma imagem que resulta de uma composição de gráficos. Estes, são representativos do movimento de um corpo, que não é o do intérprete. Aqui, existe um corpo fundido que resulta da expressão digital dos artistas, do bailarino e do comportamento do próprio sistema.

Swap é um projecto que realça a ideia de um corpo que pode dar forma ao conteúdo. O corpo passa a ser o interface e a memória um novo contexto para com os próprios artistas e o público em geral.

Este projecto evidencia o corpo macro e o corpo em aparente repouso, bem como uma estrutura de composição coreográfica linear, registando um corpo vazio, preenchido, parado, um corpo enquanto fronteira e o vazio. O movimento é prolongado no tempo, mesmo quando o corpo está parado.

Este projecto é dos artistas digitais Rudolfo Quintas, Tiago Dionísio e do coreógrafo João Costa. Ora, coordenar todas estas disciplinas tornou-se complexo, por isso Tiago Dionísio realça a ideia de que cada disciplina tem o seu timing: “Dança é dança e vídeo arte é vídeo arte”. O artista ainda afirma: “Este projecto teve uma desconstrução contextual e referencial até chegar a uma plataforma comum.” É uma peça que necessitou de um conhecimento transdisciplinar de modo a consciencializar um movimento coeso, entre o bailarino e os artistas digitais.

Motivo do Interesse pelo projecto

Este trabalho é provavelmente a melhor representação do que procuro na minha peça interactiva, pois ele incorpora o movimento de um corpo que se liberta, mesmo quando o corpo é


[1] Textos cedidos por Tiago Dionísio em Anexo

[2] http://swap-project.com/

[3] http://swap-project.com/

Displasemente - obras inspiradoras

2004 | Displacemente de RUDOLFO QUINTAS e TIAGO DIONÍSIO [1]

Carácter transparente




[2]

Este projecto interessa-me particularmente pelo seu carácter transparente. Segundo o autor Tiago Dionísio, as pessoas deixaram-se levar abstraindo-se do espaço físico. Elas passaram habitar o espaço virtual com o entusiasmo do seu registo.

Displacement é uma instalação que usa o corpo como um Hiper instrumento, com o objectivo de aumentar a realidade musical e a composição visual.

Surgiu do cruzamento de ideias e conceitos à volta de diversos instrumentos musicais, métodos de composição e também prolongamento e interpretação da relação entre os participantes.

Como instrumento e do ponto de vista musical é bastante limitado, mas é muito inovador na forma como o corpo interage com a produção de música. Neste projecto, o corpo é o interface por si só e contém nele 3 fundamentos - frequência, amplitude e velocidade.

O corpo define o som.

Este projecto permitia ao público passar por várias fases: experimental (registo do corpo - silhueta), pessoal e emocional. Ora, é esta entrega que me interessa particularmente. Toda a experiência e vivência estava a ser projectada na obra. A intervenção reflecte o real, o local e a experiência da pessoa.

Motivo do Interesse pelo projecto

O motivo porque escolhi este projecto, é porque o seu carácter transparente funciona tão bem, que as pessoas deixam de habitar o espaço físico e passam a projectarem-se no espaço virtual.

Mais á frente irei salientar o carácter transparente abordado por Jay David Bolter.


[1] Textos cedidos por Tiago Dionísio em Anexo

[2] http://swap-project.com/

OVERLAP - obras inspiradoras

2003 | Overlap de RUDOLFO QUINTAS e TIAGO DIONÍSIO [1]





[2]

Overlap foi um projecto construído através do Max MSP e teve como grande objectivo a ideia de “coreografia aberta”. O publico repetia a acção do movimento do intérprete. Como o próprio nome indica existia uma sobreposição dos corpos.

Este projecto viveu enquanto instalação interactiva, que usa o corpo presente e o registo do corpo passado, criando assim uma coreografia. O corpo é visto como um grande meio de comunicação. Aqui existem dois espaços a explorar. Primeiramente é feita a leitura do corpo e esse corpo passa a co-habitar na tela de projecção. Depois os próximos intervenientes tentam fazer coincidir o seu corpo/movimento na tela de modo a que o corpo existente seja substituído pelo seu.

Motivo do Interesse pelo projecto

Este projecto interessou-me particularmente, por causa da sobreposição dos corpos que acabariam por criar uma coreografia aberta.



[1] Textos cedidos por Tiago Dionísio em Anexo

[2] http://swap-project.com/

Ghostcatching - obras inspiradoras

1999 | Ghostcatching de BILL T JONES

[1]

O projecto Ghostcatching, de Bill T Jones[2], utiliza o motion capture para registar o movimento humano. Sempre na tentativa de criar algo novo, este bailarino absorveu toda a sua vida à volta da tecnologia e da dança, numa postura de inovação. Ele considera diferente a vida real e o vídeo. Para ele a vida real é mágica e mais natural, é algo que pode ser vivido, enquanto que o vídeo é uma reacção física (bombardeamento de electrões no ecrã), é algo mais artificial e frio. Considerando que nada tem a haver com a realidade.

Os colegas de Bill reforçam a ideia, considerando que num filme não pode haver a existência de nenhuma poética. Em 1971 Bill T Jones associasse ao centro experimental de televisão (ETC) e começa a fazer as primeiras experiências entre a dança e o vídeo. Realiza pequenos documentários, realizando entrevistas a artistas em cenas quotidianas (na rua ou em casa).

Sempre teve em mente a vida enquanto documentário, por isso o uso de câmaras ditas normais acabaram por ser a sua melhor ferramenta.

O grande trabalho vídeo-performance, que realizou foi feito com Per Bode e Maryl Blackman, onde existe uma grande relação entre a coreografia e as novas tecnologias. Esta peça permitiu-lhe expandir o sentido de espaço e tempo na performance ao vivo.

Quebrar com o que e tradicional e manipular o sentido de espaço e tempo. Para além de misturar a tecnologia e a electrónica de um modo pessoal, ficaram aliados aos movimentos não virtuosos do Arnies.

Depois de muitos trabalhos e experiências, Ghostcatching, foi um trabalho que reuniu as condições necessárias, realçando um paradigma importante - A dança enquanto ficção.

Ghostcatching é um projecto que vive de pequenos registos do movimento, que todos juntos, resultam num novo movimento, o dito fantasma do movimento. É algo que transcende o nosso corpo.

Esta nova coreografia digital, traz a tecnologia da captação de imagens, que são feitas a partir da 3ª dimensão (3D), conseguindo criar uma instalação de dança virtual.

Para além deste novo registo do movimento, criaram também um alfabeto virtual de imagens e movimento. No fundo Bill T Jones, conseguiu capturar / filtrar os movimentos tradicionais na sua dança virtual. Era feita a captura do movimento (individual) que combinado faz resultar novas coreografias. Esta captura é o resultado de fragmentos de uma acção que todos juntos criam novos movimentos – o fantasma do movimento, uma vez que deixa rasto.

Bill T Jones manteve-se ligado à dança porque é algo que sempre considerou concreto. É algo real que pode manipular. Acredita também que as experiências que criou são cópias, uma vez que as considera artificias, construindo assim uma ironia. Porque através dos meios tecnológicos ele consegue criar um mundo poético e palpável, rejeitado anteriormente.

Para Bill T Jones utilizar a tecnologia é uma forma de realçar o que é real, tendo em conta que tem de ser feito e um modo original e único.

Motivo do Interesse pelo projecto

Ghostcatching é um projecto rico em movimento e foi esse o motivo que me fez escolhe-lo. A sobreposição do movimento, criando e proporcionando novas coreografias abrem caminho para muitas outras experiências.



[1] http://www.cordance.org/images/still_from_ghostcatching.jpg

[2] ZIMMER Elizabeth, Envisiong Dance on Filme and Video, editora Mitona Judy, página 103