quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ghostcatching - obras inspiradoras

1999 | Ghostcatching de BILL T JONES

[1]

O projecto Ghostcatching, de Bill T Jones[2], utiliza o motion capture para registar o movimento humano. Sempre na tentativa de criar algo novo, este bailarino absorveu toda a sua vida à volta da tecnologia e da dança, numa postura de inovação. Ele considera diferente a vida real e o vídeo. Para ele a vida real é mágica e mais natural, é algo que pode ser vivido, enquanto que o vídeo é uma reacção física (bombardeamento de electrões no ecrã), é algo mais artificial e frio. Considerando que nada tem a haver com a realidade.

Os colegas de Bill reforçam a ideia, considerando que num filme não pode haver a existência de nenhuma poética. Em 1971 Bill T Jones associasse ao centro experimental de televisão (ETC) e começa a fazer as primeiras experiências entre a dança e o vídeo. Realiza pequenos documentários, realizando entrevistas a artistas em cenas quotidianas (na rua ou em casa).

Sempre teve em mente a vida enquanto documentário, por isso o uso de câmaras ditas normais acabaram por ser a sua melhor ferramenta.

O grande trabalho vídeo-performance, que realizou foi feito com Per Bode e Maryl Blackman, onde existe uma grande relação entre a coreografia e as novas tecnologias. Esta peça permitiu-lhe expandir o sentido de espaço e tempo na performance ao vivo.

Quebrar com o que e tradicional e manipular o sentido de espaço e tempo. Para além de misturar a tecnologia e a electrónica de um modo pessoal, ficaram aliados aos movimentos não virtuosos do Arnies.

Depois de muitos trabalhos e experiências, Ghostcatching, foi um trabalho que reuniu as condições necessárias, realçando um paradigma importante - A dança enquanto ficção.

Ghostcatching é um projecto que vive de pequenos registos do movimento, que todos juntos, resultam num novo movimento, o dito fantasma do movimento. É algo que transcende o nosso corpo.

Esta nova coreografia digital, traz a tecnologia da captação de imagens, que são feitas a partir da 3ª dimensão (3D), conseguindo criar uma instalação de dança virtual.

Para além deste novo registo do movimento, criaram também um alfabeto virtual de imagens e movimento. No fundo Bill T Jones, conseguiu capturar / filtrar os movimentos tradicionais na sua dança virtual. Era feita a captura do movimento (individual) que combinado faz resultar novas coreografias. Esta captura é o resultado de fragmentos de uma acção que todos juntos criam novos movimentos – o fantasma do movimento, uma vez que deixa rasto.

Bill T Jones manteve-se ligado à dança porque é algo que sempre considerou concreto. É algo real que pode manipular. Acredita também que as experiências que criou são cópias, uma vez que as considera artificias, construindo assim uma ironia. Porque através dos meios tecnológicos ele consegue criar um mundo poético e palpável, rejeitado anteriormente.

Para Bill T Jones utilizar a tecnologia é uma forma de realçar o que é real, tendo em conta que tem de ser feito e um modo original e único.

Motivo do Interesse pelo projecto

Ghostcatching é um projecto rico em movimento e foi esse o motivo que me fez escolhe-lo. A sobreposição do movimento, criando e proporcionando novas coreografias abrem caminho para muitas outras experiências.



[1] http://www.cordance.org/images/still_from_ghostcatching.jpg

[2] ZIMMER Elizabeth, Envisiong Dance on Filme and Video, editora Mitona Judy, página 103

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